Diretor de Trump para relações com a China: “Tarifas podem subir muito”
Aquele que é considerado por Trump como a autoridade máxima para as questões em relação à China assume que a guerra comercial pode agravar-se e as tarifas podem vir a subir “muito”.
Michael Pillsbury, o responsável por desenhar a estratégia dos Estados Unidos em relação à China, e classificado por Trump como “a principal autoridade” no que toca às opções quanto à nação asiática, avisa que “as guerras comerciais podem agravar-se” e “as tarifas podem ser colocadas em níveis muito mais elevados”.
Pillsbury falava no palco da Web Summit, em Lisboa, em resposta à questão “quão preocupados devemos estar com a guerra comercial?”. O diretor de estratégia assume que “ambos os lados podem ganhar (a guerra comercial, mas) o crescimento económico global está a ser afetado”. Para Pillsbury, quando os chineses consideram possível um ganho mútuo (situação “win-win”), os americanos desconfiam que estão a falar de uma dupla vitória para a China.
O impasse vive-se numa altura em que as posições de ambas as partes, de acordo com Pillsbury, são claras mas opostas. “Os chineses querem tudo removido (no que toca a tarifas)”, diz. Mas os americanos defendem que estas devem continuar em vigor até que a China “ganhe” o direito a que estas deixem de ser aplicadas.
Este braço direito de Trump na guerra comercial revelou que o acordo que quase foi fechado em maio passado tinha 150 páginas e envolvia a criação de um escritório em Pequim e outro em Washington dedicados a monitorizar e penalizar ambas as nações caso os termos fossem quebrados.
A divisão entre ambas as nações é exacerbada pela visão que ambas têm em relação à hegemonia de cada uma. A China, segundo o diretor de estratégia, vê os Estados Unidos como uma potência que controla o mundo como um tirano, de uma forma prejudicial. Os Estados Unidos, continua Pillsbury, veem a posição dominante como um “fardo pesado”, pois têm de manter a “ordem mundial” através de uma pesada estrutura. Deixa a questão: quem será a nação hegemónica no futuro?